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Review: Hades 2

Quando o primeiro Hades foi lançado, há cerca de cinco anos e ainda em acesso antecipado, o mundo era outro. O ano era 2018 e não tínhamos passado por uma pandemia. A geração do PS5 e Xbox Series X ainda não existia. Overwatch começava a perder sua relevância entre os “shooters” e também enfraquecia seu próprio gênero. Isso tudo para dizer que, por essa época, videogame tinha um “valor percebido” muito diferente do de hoje. Jogos “indie” já existiam, mas o pelotão de games “AAA” ainda era fomentado por uma parte massiva do público, antes de sucessos mais modestos, como Vampire Survivors, Balatro e o próprio Hades.

Hoje, sete anos depois, temos em mãos a versão finalizada de Hades 2. O mundo mudou, e a “marca” Hades também.

Lançado em 2024 via acesso antecipado e ainda sem estar finalizado, Hades 2 demorou mais de um ano para chegar à sua versão completa e finalizada. A chamada “versão 1.0”. Hoje, depois de grandes hits dos jogos independentes já citados, a missão do game não era simples. Era necessário superar o original em quase tudo, do ponto de vista do público geral, para justificar sua própria existência.

É claro que o anúncio e revelação de Hades 2 não foi mal recebido. Diferente de jogos anuais, como os “CODs” e “FIFAs” da vida, Hades 2 não era uma mera sequência feita para cumprir tabela. Aqui tínhamos uma nova protagonista, Melinoë, irmã de Zagreus e também filha de Hades. Ela é uma bruxa que ganha a missão de matar Chronos, o lendário Titã, para salvar a vida de seu próprio pai. O pano de fundo, sendo inédito em relação ao primeiro, já nos traz uma importante visão do que a produtora Supergiant Games queria com o novo game – não exatamente inovar, mas sim continuar com uma história simples, eficaz, mas que dá espaço para aprimorar toda a divertida jogabilidade que conhecemos do primeiro.

Para quem não conhece, Hades é um tipo de jogo “roguelike”. Aqui o que importa é a repetição. Você entra em uma fase, luta até, literalmente, morrer. Depois, tenta de novo. E assim vai, repetindo um ciclo quase eterno, passando pelos mesmos inimigos, mesmos chefes, até aprimorar sua habilidade, a habilidade do personagem e se fortalecer o suficiente, literal e figurativamente, para vencer os desafios de forma mais fácil.

Hades 2 mantém isso e expande. Parece óbvio, mas em épocas onde continuações nem sempre se justificam – como a de um certo jogo que citei no início deste texto de maneira proposital -, é bom frisar. Há espaço para coisas novas, mas não o suficiente para te deixar com sensação de “estar perdido”. Para quem jogou o primeiro, ainda é um game bem familiar, que não peca pelo excesso e faz bem o serviço em apresentar elementos novos de game design e gameplay.

Você ainda pode melhorar as habilidades da agora protagonista, é possível ter acesso a cada vez mais armas e melhorias, entre outros elementos. Há animais que auxiliam a jovem bruxa em sua jornada e há até mesmo espaço para uma espécie de “minigame de fazendinha”, se é que posso definir assim. Mas não se engane, as novidades de Hades 2 não se resumem a melhorias de controles, combates, habilidades e minigames.

A aventura demonstra ter inovação narrativa e te deixar escolher caminhos bem específicos conforme avança na história. Não quero entregar spoilers, mas se prepare para ter surpresas em sua evolução narrativa. São surpresas boas o suficiente para te fazer pular do sofá, ou da cama, ou da cadeira, onde quer que esteja jogando, enquanto se surpreende a cada novidade destrancada.

De resto, é o mesmo Hades de sempre, só que melhor. E com uma protagonista tão interessante quanto Zagreus foi, anos atrás. Desnecessário dizer em detalhes, mas vale registrar também: é um dos jogos 2D mais bonitos da atualidade e com uma trilha sonora que está perto da perfeição – cortesia, novamente, de Darren Korb, que conhecemos por sua excelência desde os tempos de Bastion e Transistor.

Para quem é Hades 2?

Se você ama mitologia grega, combate em tempo real, estratégia e alto nível de desafio sem ser apelativo, Hades 2 é a sua praia. É um dos melhores jogos do ano, que chega a tempo de competir pelo cargo de “Game of the Year” em votações nacionais e internacionais.

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